SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO
DUAS COLUNAS DA IGREJA
Celebramos hoje a festa de dois Apóstolos, colunas da
Igreja: São Pedro e São Paulo. Duas figuras tão diferentes, que, no
entanto, se uniram no testemunho de Cristo até à morte. Pedro é objeto de uma
atenção especial por parte de Cristo. Homem corajoso e decidido, que confessa
sua fé em Cristo, está disposto a acompanhá-Lo em sua paixão, caminha sobre as
águas, quer defender o seu Mestre, mas ao mesmo tempo tão frágil a ponto de
trair o seu Mestre, negando conhecê-Lo por três vezes. Mas é sobre esta
fragilidade fundamentada na fé que Cristo quer edificar a Sua Igreja.
A festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo é ao mesmo tempo
uma grata memória das grandes testemunhas de Jesus Cristo e uma solene
confissão em favor da Igreja uma, santa, católica e apostólica. É antes de tudo
uma festa da catolicidade.
Em Roma, à frente da Basílica de São Pedro, estão
colocadas duas estátuas imponentes dos Apóstolos Pedro e Paulo, facilmente
identificáveis pelas respectivas prerrogativas: as chaves na mão de Pedro e a
espada na mão de Paulo. Desde sempre a tradição cristã tem considerado São
Pedro e São Paulo inseparáveis: na verdade, juntos, representam todo o
Evangelho de Cristo. Eles são chamados colunas da Igreja nascente. Testemunhas
insignes da fé, dilataram o Reino de Deus com os seus diversos dons e, a
exemplo do Mestre divino, selaram com o sangue a sua pregação evangélica. O seu
martírio é sinal de unidade da Igreja, como diz Santo Agostinho: “Um único dia
é consagrado à festa dos dois Apóstolos. Mas também eles eram um só. Não
obstante tenham sido martirizados em dias diferentes, eram um só. Pedro
precedeu, Paulo seguiu” ( Disc. 295, 8: PL 38, 1352 ).
No Evangelho (
Mt 16, 13 – 19 ), Jesus pergunta aos seus: “E vós, quem dizeis que Eu
sou? Respondeu Simão Pedro: Tu és o
Cristo de Deus vivo”. Mal pronunciou estas palavras, Cristo prometeu-lhe
solenemente o primado sobre toda a Igreja. Em resposta, o Senhor revela-lhe a
missão que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a “pedra”, a “rocha”, o
fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da
Igreja (cf. Mt 16, 16 – 19 ). Mas, de que modo Pedro é a rocha? Como deve
realizar esta prerrogativa, que naturalmente não recebeu para si mesmo? A
narração do evangelista Mateus começa por nos dizer que o reconhecimento da
identidade de Jesus, proferido por Simão, em nome dos Doze, não provém “da
carne e do sangue”, isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma revelação
especial de Deus Pai.
O primado de Pedro e de seus sucessores está claro no
Evangelho (cf. Jo 21, 15). Pedro exerceu
este primado, como encontramos nos Atos dos Apóstolos (At. 1, 15; 2, 14; 3, 6;
10, 1; 9, 32; 15, 7-2). Pedro foi bispo de Roma, onde foi sepultado. Santo
Inácio de Antioquia refere-se à Igreja de Roma como a “que preside a aliança do
amor.”
Santo Irineu de Lião fala da “Igreja romana, a mais
antiga, a maior, a conhecida de todos, fundada pelos gloriosos apóstolos Pedro
e Paulo” com a qual todas as outras, em virtude de sua posição de prioridade
devem estar de acordo.
O Papa é o representante de Cristo na terra (seu
vigário), o fundamento da unidade da Igreja.
A ordem de Jesus foi: “Apascenta os meus cordeiros…
apascenta as minhas ovelhas!” (Jo. 21, 15-17). Era a investidura no supremo
poder! A Igreja sem o Papa seria um barco sem timoneiro!
Jesus quis fundar a sua Igreja tendo Pedro e seus
sucessores à frente dela. Em dois mil anos de Cristianismo, até hoje, Pedro
teve 266 sucessores! Pedro, Lino, Cleto, Clemente… João Paulo II, Bento XVI,
Francisco. Podemos dizer, ontem Pedro, hoje Francisco. Agradeçamos a Deus por
pertencermos à Igreja fundada por Cristo que é “Una, Santa, Católica e
Apostólica, edificada por Jesus Cristo, sociedade visível instituída com órgãos
hierárquicos e comunidade espiritualsimultaneamente (…); fundada sobre os
Apóstolos e transmitindo de geração em geração a sua palavra sempre viva e os
seus poderes de Pastores no Sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele;
perpetuamente assistida pelo Espírito Santo” (Paulo VI, Credo do Povo de Deus).
Dizia São JosemariaEscrivá: “O amor ao Romano
Pontífice há de ser em nós uma bela paixão, porque nele vemos Cristo.”
Também S. Paulo é hoje apresentado na cadeia (2 Tm. 4,
6-8. 17-18), na sua última prisão que terminará com o seu martírio. O Apóstolo
está consciente da sua situação; porém, as suas palavras não revelam amargura,
mas a serena satisfação de ter gasto a sua vida pelo Evangelho: “aproxima-se o
momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a
fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça…”.
A iconografia tradicional apresenta São Paulo com a espada,
e sabemos que esta representa o instrumento do seu martírio. Mas, repassando os
escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere
a toda a sua missão de evangelizador. Por exemplo, quando já sentia aproximar
–se a morte, escreve a Timóteo: “Combati o bom combate” ( 2Tm 4, 7 ); aqui não
se trata seguramente do combate de um comandante, mas daquele de um arauto da
Palavra de Deus, fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumiu totalmente.
Por isso mesmo, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou – o, juntamente
com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja.
“Escolheu-nos antes da constituição do mundo” (Ef 1,
4). E continua São Paulo: “chamou-nos com vocação santa, não em virtude das
nossas obras, mas em virtude do seu desígnio” (2 Tm. 1, 9).
A vocação é um dom que Deus preparou desde toda a
eternidade. Todos nós recebemos, de diversas maneiras, uma chamada concreta
para servir o Senhor. E ao longo da vida chegam-nos novos convites para
segui-Lo, e temos de ser generosos com Ele em cada encontro. Temos de saber
perguntar a Jesus na intimidade da oração, como São Paulo: "Que devo fazer,
Senhor?, que queres que eu deixe por Ti?, em que desejas que eu melhore? Neste
momento da minha vida, que posso fazer por Ti?"
O Senhor chama todos os cristãos à santidade; e é uma
vocação exigente, muitas vezes heróica, pois Ele não quer seguidores tíbios,
discípulos de segunda classe; se quiser ser discípulo do Mestre, deve imprimir
um sentido apostólico à sua vida: um sentido que o levará a não deixar passar
nenhuma oportunidade de aproximar os outros de Cristo, que é aproximá-los da
fonte de alegria, da paz e da plenitude.
Ensina – nos o Papa Francisco: “Cada cristão, quanto mais se
santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo". Assim nos ensinaram os
Bispos da África ocidental: “Somos chamados, no espírito da nova evangelização,
a ser evangelizados e a evangelizar através da promoção de todos os batizados
para que assumam as suas tarefas como sal da terra e luz do mundo, onde quer
que se encontrem”.
“Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares
amar e libertar por deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito
Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua
fragilidade com a força da Graça. No fundo, como dizia Leon Bloy, na vida
“existe apenas uma tristeza: a de não ser santo” ( Papa Francisco, Exortação
ApostólicaGaudeteet Exsultate, 33 e 34 ).
Temos de pedir hoje a São Paulo que saibamos converter
em oportuna qualquer situação que se nos apresente. Quem verdadeiramente ama a
Cristo sentirá a necessidade de O dar a conhecer, pois, como diz São Tomás de
Aquino, aquilo que os homens muito admiram divulgam-no logo, porque da
abundância do coração fala a boca”. Para tal, “precisamos de um espírito de
santidade que impregne tanto a solidão como o serviço, tanto a intimidade como
a tarefa evangelizadora, para que cada instante seja expressão de amor doado
sob o olhar do Senhor. Dessa forma, todos os momentos serão degraus no nosso
caminho de santificação” (Papa Francisco, Gaudete et Exsultate, 31).
Relembrando o ardor missionário de São Pedro e São
Paulo que o Senhor nos conceda o mesmo entusiasmo para sermos discípulos e
missionários de Cristo.
O exemplo dos
Apóstolos Pedro e Paulo ilumine as mentes e acenda nos corações dos crentes o
santo desejo de realizar a Vontade de Deus, a fim de que a Igreja peregrina
sobre a Terra seja cada vez mais fiel ao seu Senhor. Dirijamo – nos, com
confiança, à Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, que do Céu guia e apoia o caminho
do povo cristão.
A exemplo da Igreja primitiva que rezava por Pedro
enquanto estava na prisão (At 12, 5) estejamos unidos em oração pelo Santo
Padre o Papa Francisco!
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