II DOMINGO DA QUARESMA - ANO B
(25/02/2018)
TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS
O Evangelho ( Mc 9, 2-10 ) apresenta a fé dos Apóstolos,
fortalecida na Montanha, pela Transfiguração de Jesus.
Na Caminhada para Jerusalém, o primeiro anúncio da Paixão e
Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus
planos de glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil, Cristo tomou três
deles, subiu ao Monte Tabor e “Transfigurou-se…”
A transfiguração de Jesus é uma catequese que revela aos
discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de Deus! É um momento antecipado
de luz que nos ajuda também a nós, a fitarmos a Paixão de Jesus com o olhar da
fé. Sim, ela é um mistério de sofrimento, mas é inclusive a “Paixão
bem-aventurada” porque é - no núcleo – um mistério de amor extraordinário de
Deus; é o êxodo definitivo que nos abre a porta para a liberdade e a novidade
da Ressurreição, da salvação do mal. Temos necessidade disto no nosso caminho
quotidiano, muitas vezes marcado também pela escuridão do mal! Agora Jesus leva
consigo os três discípulos, para os
ajudar a compreender que o caminho para alcançar a glória, a vereda do amor
luminoso que vence as trevas, passa através do Dom total de Si, passa pelo
escândalo da Cruz. E, sempre de novo, o
Senhor deve levar – nos consigo também a nós, pelo menos para começarmos a
compreender que este é o caminho necessário.
Em nossa caminhada para a Páscoa somos também convidados a
subir com Jesus a montanha e, na companhia dos três discípulos, viver a alegria
da comunhão com Ele. As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No
meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da Ressurreição e do alto
daquele monte Ele continua a nos gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”.
Quero sublinhar que Transfiguração de Jesus foi
substancialmente uma experiência de oração (Cf. Lc 9, 28 – 29). Com efeito, a
oração atinge o seu ápice, e por isso torna – se fonte de luz interior, quando
o espírito do homem adere ao de Deus e as suas vontades se fundem, como que
para formar uma só unidade. Jesus viu delinear – se diante de si a Cruz, o
sacrifício extremo, necessário para nos libertar do domínio do pecado e da
morte. E no seu coração, mais uma vez, repetiu o seu “Amém”. Disse sim, eis –
me, seja feita, ó Pai, a tua Vontade de amor. E, como tinha acontecido depois
do Batismo no Jordão, vieram do Céu os sinais do agrado de Deus Pai: a luz, que transfigurou Cristo, e a voz que O
proclamou “Filho muito amado” (Mc 9,7).
Juntamente com o jejum e as obras de misericórdia, a oração
forma a estrutura principal da nossa vida espiritual.
Não desanimemos diante das dificuldades! Os Planos de Deus
não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade
sem fim!
São Leão Magno diz que “o fim principal da transfiguração
foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”. Os Apóstolos
jamais esquecerão esta “gota de mel” que Jesus lhes oferecia no meio da sua
amargura. Jesus sempre atua assim com os que o seguem. No meio dos maiores
padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar.
Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma
felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui.
Vamos fazer três tendas…” Pedro quer prolongar a situação! O que é bom, o que
importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer
parte, e vê-Lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos
com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou
prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é
somente isto: Vê-Lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-Te,
Senhor, e procurarei o Teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!
A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa
morada (2 Cor 5,2). Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil,
porque com frequência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos
inimigos interiores ou de fora.Mas o Senhor quer confortar-nos com a esperança
do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais
patente a fraqueza da nossa condição: “À hora da tentação, pensa no Amor que te
espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade”
(São JosemariaEscrivá, Caminho, nº 139).
O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na
nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “ E
se fordes sempre avante com esta determinação de antes morrer do que desistir
de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede
nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda a
abundância e sem perigo de que vos venha a faltar” (Caminho de Perfeição,
20,2).
“Este é o meu Filho amado, no qual pus o meu agrado.
Escutai-O!” (Mt 17,5). E Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os
homens de todos os tempos. A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo
através dos ensinamentos da Igreja.
Nós devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no
meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no
Sacramento da Penitência (Confissão), e sobretudo na Sagrada Escritura, onde se
encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos aprender a
descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o
extraordinário.
Escutar e anunciar!
Não podemos ficar no Monte, de braços cruzados.O seguidor
de Cristo deve descer do monte para enfrentar o mundo e os problemas dos
homens!
Cada domingo, ao participar da Santa Missa, subimos a
Montanha, para contemplar o Cristo transfigurado (ressuscitado) e escutar a sua
voz.
Depois, ao descer a Montanha ( tendo participado da Missa,
ao sair da Igreja) devemos prosseguir a nossa caminhada, sendo sal da Terra e
luz do mundo.
Prezados (as) irmãos (ãs), todos nós precisamos de luz
interior para superar as provas da vida. Esta luz vem de Deus, e é Cristo quem
a concede, Ele, no qual habita a plenitude da divindade (cf. Cl 2, 9). Subamos com Jesus ao monte da
oração e, contemplando o seu rosto cheio de amor e de verdade, deixemo-nos
encher ( colmar) interiormente pela sua luz.
Que neste tempo de Quaresma, possamos encontrar momentos de
silêncio, possivelmente de Retiro, para rever a própria vida à luz do desígnio
de amor do Pai celeste. Deixemo-nos nesta escuta mais intensa de Deus pela Virgem Maria,
mestra e modelo de oração. Ela, também na extrema obscuridade da Paixão de
Cristo, não perdeu mas conservou na sua alma a luz do Filho divino. É por isso
que a invocamos como Mãe da confiança e da esperança!
MONSENHOR JOSÉ MARIA PEREIRA
SCE Região RIO II
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