Homilia de Mons. José Maria Pereira
VI Domingo de Páscoa - Ano A
A promessa de Jesus
A promessa de Jesus
Hoje celebramos o VI Domingo da Páscoa! A Igreja celebra nos
próximos dias duas grandes festas: Ascensão e Pentecostes; convida-nos a ter os
olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama.
No Evangelho de hoje ( Jo 14, 15-21 ), João define como
podemos cumprir os mandamentos divinos. Agora nos ensina que o modo de viver o
mandamento provém do próprio Deus. E, nem sempre conseguimos agir como
queríamos. Também nós sentimos como São Paulo: “quero fazer o bem, mas faço o
mal”. Por isso nos envia o Espírito Santo, por isso é Ele mesmo a falar e a
agir em nós. Ele não nos deixa órfãos. É urgente que dediquemos tempo na oração
para pedir a Deus a graça de fazer o bem no amor ao próximo.
Ensinou São Jose Maria Escrivá: “Tarefa do cristão: afogar o
mal em abundância de bem. Não se trata de campanhas negativas, nem de ser anti-
nada. Pelo contrário: viver de afirmação, cheios de otimismo, com juventude,
alegria e paz; ver com compreensão a todos: os que seguem a Cristo e os que O
abandonam ou não O conhecem.
--- Mas,
compreensão não significa abstencionismo nem indiferença, mas, atividade.”(
Sulco, 864).
O Senhor prometera aos seus discípulos que, passado um pouco
de tempo, estaria com eles para sempre. “Ainda um pouco de tempo e o mundo já
não me verá. Vós, porém, tornareis a ver-me…” (Jo 14,19-20). O Senhor cumpriu a
sua promessa nos dias em que permaneceu junto dos seus após a Ressurreição, mas
essa presença não terminará quando subir com o seu Corpo glorioso ao Pai, pois
pela sua Paixão e Morte nos preparou um lugar na casa do Pai, “onde há muitas
moradas. Voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, estejais vós
também” (Jo 14,2-3).
Os Apóstolos, que se tinham entristecido com a predição das
negações de Pedro, são confortados com a esperança do Céu. A volta a que Jesus
se refere inclui a sua segunda vinda no fim do mundo e o encontro com cada alma
quando se separar do corpo. A nossa morte será precisamente o encontro com
Cristo, a quem procuramos servir nesta vida e que nos levará à plenitude da
glória. Será o encontro com Aquele com quem falamos na nossa oração, com quem
dialogamos tantas vezes ao longo do dia.
Da Oração, do trato habitual com Jesus Cristo, nasce o
desejo de nos encontrarmos com Ele. A fé purifica muitas das asperezas da
morte. O amor ao Senhor muda completamente o sentido desse momento final que
chegará para todos.
O pensamento do Céu nos ajudará a superar os momentos
difíceis. É muito agradável a Deus que fomentemos a virtude da esperança, que
está unida à fé e ao amor, e que em muitas ocasiões nos será necessária.
Ensinou São JosemariaEscrivá: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera
no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade”
(Caminho, nº 139). Devemos fomentá-la nos momentos em que a dor e a tribulação
se tornarem mais fortes, quando nos custar ser fiéis ou perseverar no trabalho
ou no apostolado. O prêmio é muito grande! Está no dobrar da esquina, dentro de
não muito tempo.
A meditação sobre o Céu deve também estimular-nos a ser mais
generosos na nossa luta diária “porque a esperança do prêmio conforta a alma
para que empreenda boas obras”( S. Cirilo de Jerusalém). O pensamento desse
encontro definitivo de amor a que fomos chamados nos ajudará a estar mais
vigilantes nas nossas tarefas grandes e nas pequenas, realizando-as de um modo
acabado, como se fossem as últimas antes de irmos para o Pai.
O pensamento do Céu, agora que estamos próximos da festa da
Ascensão, deve levar-nos a uma luta decidida e alegre por tirar os obstáculos
que se interpõem entre nós e Cristo, deve estimular-nos a procurar sobretudo os
bens que perduram e a não desejar a todo custo as consolações que acabam.
Jesus promete aos discípulos o envio de um defensor (Jo 14,
16-17), de um intercessor, que irá animar a comunidade cristã e conduzi-la ao
longo da sua história. Trata-se do Paráclito que é o nosso Consolador enquanto
caminhamos neste mundo no meio de dificuldades e sob a tentação da tristeza.
“Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com
confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e
liberta-nos dos nossos pecados. A presença e a ação do Espírito Santo na Igreja
são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz
que Deus nos prepara” (Cristo que passa, nº 128). Invoquemos sempre o Espírito
Santo! Ele é a força que nos anima e sustenta na caminhada cotidiana e nos
revela a verdade do Pai.
“Para avançar na vida interior e no apostolado, o necessário
não é a devoção sensível; mas a disposição decidida e generosa da vontade, em
face das instâncias divinas.”(Sulco, 769).
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