quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Homilía Dominical dia 02/10/2016




Aumentar a FÉ!
Mons. José Maria Pereira

            No Evangelho, em Lc 17, 5-10, surge a súplica dos Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!” E Jesus disse-lhes: “se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria”. É uma linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus não pede muito; pede apenas um pouquinho de fé, como o minúsculo grão de mostarda, bem menor do que a cabeça de um alfinete; mas, se for sincera, viva, convicta, a fé será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis à compreensão humana. Jesus quer educar os seus discípulos numa fé sem incerteza nem vacilações, numa fé que, apoiada na força de Deus, tudo crê, tudo espera, a tudo se atreve, e persevera invencível, mesmo nas dificuldades mais árduas e difíceis.
Precisamos de uma fé firme, que nos leve a alcançar metas que estão acima das nossas forças, que aplaine os obstáculos e supere os “impossíveis” na nossa tarefa apostólica. É esta a virtude que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e nos permite julgar retamente todas as coisas. Só pela luz da fé e pela meditação da palavra de Deus é que se pode sempre e por toda a parte divisar Deus “em quem vivemos e nos movemos e somos” (At 17, 28), procurar a sua vontade em todos os acontecimentos, ver Cristo em todos os homens, sejam próximos ou estranhos, e julgar com retidão sobre o verdadeiro significado e valor das coisas temporais, em si mesmas e em relação ao fim do homem.
Devemos pedir ao Senhor uma fé firme que reanime o nosso amor e nos faça superar as nossas fraquezas, a fim de sermos testemunhas vivas no lugar em que se desenvolve a nossa vida.
Que força comunica a fé! Com ela superamos os obstáculos de um ambiente adverso e as dificuldades pessoais, que com muita freqüência são mais difíceis de vencer.
Houve ocasiões em que Jesus chamou aos Apóstolos “homens de pouca fé” (Mt 8, 26; 6, 30), pois não se encontravam à altura das circunstâncias. O Messias estava com eles, e no entanto tremiam de medo diante de uma tempestade no mar (Mt 8, 26), ou preocupavam-se excessivamente com o futuro, quando fora o próprio Cristo quem os chamara para que O seguissem. “Senhor, aumenta-nos a fé, pediram a Jesus. O Senhor atendeu a esse pedido, pois todos eles acabaram por dar a vida em testemunho supremo da sua firme adesão a Cristo e aos seus ensinamentos.
Nós também nos sentimos por vezes carentes de fé diante das dificuldades, da carência de meios, como os Apóstolos... Precisamos de mais fé! E ela aumenta com a petição assídua, com a correspondência às graças que recebemos, com atos de fé. “Falta-nos fé. No dia em que vivermos esta virtude – confiando em Deus e na sua Mãe –, seremos valentes e leais. Deus, que é o Deus de sempre, fará milagres por nossas mãos. Dá-me, ó Jesus, essa fé, que de verdade desejo! Minha Mãe e Senhora minha, Maria Santíssima, faz que eu creia!” (São Josemaria Escrivá, Forja, nº. 235).
Senhor, aumenta-nos a fé! Que boa jaculatória para que a repitamos ao Senhor muitas vezes!
A fé é um dom de Deus que a nossa pequenez nem sempre consegue sustentar. Por vezes, é tão pequena como um grãozinho de mostarda. Não nos surpreendamos com a nossa debilidade, pois Deus conta com ela. Imitemos os Apóstolos quando compreenderam que tudo aquilo que viam e ouviam excedia a sua capacidade. Peçamos a Cristo, através de Nossa Senhora e com a humildade dos discípulos, que nos aumente a fé, para que, como eles, possamos ser fiéis até o fim dos nossos dias e levemos muitas pessoas até Ele, como fizeram aqueles que O seguiam de perto em todos os tempos.
Diante das provações, dos desafios, o Senhor nos fala pelo Profeta Habacuc: “... o justo viverá por sua fé” (Hab 2, 4). Este ensinamento tanto é para o israelita, como para o cristão de todos os tempos; é válido em qualquer circunstância da vida dos indivíduos, dos povos ou da Igreja. Mesmo que tudo aconteça como se Deus não existisse ou não visse, é necessário permanecer firmes na fé. Deus não pode demorar a Sua intervenção e intervirá, certamente, em favor dos que acreditam nEle e nEle depositam a sua confiança. “Deus concorre em tudo para o bem dos que O amam” (Rm 8, 28).


sábado, 24 de setembro de 2016

Homilía Dominical dia 25/09/2016





Os Mortos não Voltam...
Mons. José Maria Pereira

O Evangelho (Lc 16, 19-31) descreve-nos um homem que não soube tirar o proveito dos seus bens. Ao invés de ganhar com eles o Céu, perdeu-o para sempre. Trata-se de um homem rico, que se vestia de púrpura e de linho, e que todos os dias fazia festas esplêndidas; muito perto dele, à sua porta, estava deitado um mendigo chamado Lázaro, todo coberto de chagas, que desejava saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico. E até os cães lambiam as suas feridas.
A descrição que o Senhor nos faz nesta parábola tem fortes contrastes: grande abundância num, extrema necessidade no outro. O homem rico vive para si, como se Deus não existisse. Esqueceu uma coisa que o Senhor recorda com muita freqüência: não somos donos dos bens materiais, mas administradores.
O homem rico não está contra Deus nem oprime o pobre! Apenas está cego para as necessidades alheias. O seu pecado foi não ter visto Lázaro, a quem poderia ter feito feliz com um pouco menos de egoísmo e um pouco mais de despreocupação pelas suas próprias coisas. Não utilizou os bens conforme o querer de Deus. Não soube compartilhar. Santo Agostinho comenta: “Não foi a pobreza que conduziu Lázaro ao Céu, mas a sua humildade; nem foram as riquezas que impediram o rico de entrar no descanso eterno, mas o seu egoísmo e a sua infidelidade.”
Do uso que façamos dos bens que Deus depositou nas nossas mãos depende a vida eterna. Estamos num tempo de merecer! Por isso, o Senhor nos dirá: “É melhor dar do que receber” (At 20, 25). Ganhamos mais dando do que recebendo: ganhamos o Céu! A caridade é sempre realização do Reino dos Céus e é a única bagagem que restará neste mundo que passa. E devemos estar atentos, pois Lázaro pode estar no nosso próprio lar, no escritório ou na oficina em que trabalhamos.
A parábola ensina a sobrevivência da alma após a morte e que, imediatamente depois da morte a alma é julgada por Deus de todos os seus atos – juízo particular –, recebendo o prêmio ou o castigo merecidos; que a Revelação divina é, de per si, suficiente para que os homens creiam no mais além.
Também ensina que quem morre não volta mais! Que não existe reencarnação! Quem salva o homem é Jesus Cristo, não o próprio homem que vai pagando as suas faltas, cada vez que reencarna. Quem tem fé em Cristo e o aceita como salvador rejeita o espiritismo e a sua doutrina, a reencarnação. Em Hb 9, 27, diz o Senhor: “está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo.”
 “Entre vós e nós existe um abismo”, disse Abraão ao rico, manifestando que depois da morte e ressurreição não haverá lugar para penitência alguma. Nem os ímpios se arrependerão e entrarão no Reino, nem os justos pecarão e descerão para o inferno. Este é um abismo intransponível. Por isso se compreendem as palavras de São João Crisóstomo: “Rogo-vos e peço-vos e, abraçado aos vossos pés, suplico-vos que, enquanto gozemos desta pequena respiração da vida, nos arrependamos, nos convertamos, no tornemos melhores, para que não nos lamentemos inutilmente como aquele rico quando morrermos e o pranto não nos traga remédio algum. Porque ainda que tenhas um pai ou um filho ou um amigo ou qualquer outro que tenha influência diante de Deus, todavia, ninguém te livrará, sendo como são os teus próprios fatos (atos) que te condenam.”
Exorta São Paulo em 1 Tm 6, 10: “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro e que muitos perderam a fé por causa disso.” O mesmo S. Paulo nos convida: “Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para qual foste chamado...” (1 Tm 6, 12).
Nós fomos eleitos para ser fermento que transforma e santifica as realidades terrenas. A sobriedade, a temperança, o despreendimento hão de levar-nos ao mesmo tempo a sermos generosos: ajudando os mais necessitados, levando adiante – com o nosso tempo, com os talentos que recebemos de Deus, com os bens materiais na medida das nossas possibilidades – obras boas, que elevem o nível de formação, de cultura, de atendimento aos doentes... Ou seja, com o coração em Deus e voltado para o próximo.
Não vos conformeis com este mundo...” (Rm 12, 2). Quando se vive com o coração posto nos bens materiais, as necessidades dos outros escapam-nos; é como se não existissem. O rico da parábola “foi condenado porque nem sequer percebeu a presença de Lázaro, da pessoa que se sentava à sua porta e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da sua mesa” ( Sto. Agostinho).
Façamos bom uso dos bens materiais. Jesus vê na riqueza o perigo mais grave de auto-suficiência, de afastamento de Deus e de insensibilidade para com o próximo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mutirão e missa mensal 2016

 

Domingo foi realizado o mutirão do nosso querido  Setor Itaipava , a missa mensal celebrada por Pe Mário, também teve a como intenção a canonização do Pe. Henri Caffarel.
















Paulane e Roney falaram sobre a importância da Formação para o crescimento do Setor e do Movimento.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Homilía Dominical dia 18/09/2016





O Administrador Desonesto
Mons. José Maria Pereira

Em Lc 16, 1 – 13 o Senhor convida-nos a uma reflexão sobre o uso correto das riquezas: “Não podes servir a Deus e ao dinheiro”. Os cristãos são chamados a investir com sabedoria os bens materiais para adquirirem um tesouro nos céus.
Quem não tem esperança, coloca seu apoio sobre os bens materiais. Na virtude da esperança, as pessoas são chamadas a viverem como senhores e senhoras da criação, sem se deixarem escravizar por ela. Por uma inversão de valores, as pessoas caem na tentação de substituir a Deus, que é o Sumo Bem, pelos bens passageiros.
O Senhor, nessa parábola, mostra que o administrador pôs-se a refletir sobre o que o esperava: “Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração” (Lc 16, 3 – 4). Chamou os devedores do seu patrão e fez com eles um acordo que os favorecia...
O dono teve notícia do que o administrador tinha feito e louvou-o pela sua astúcia. E Jesus, talvez com um pouco de tristeza, acrescentou: “os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. O Senhor não louva a imoralidade desse homem que, no pouco tempo que lhe restava, preparou uns amigos que depois o recebessem e ajudassem. “Por que o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho –. Não porque aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi prevenido em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação”; louvou-lhe o empenho, a decisão, a astúcia, a capacidade de sobrepor-se e resolver uma situação difícil, sem deixar-se levar pelo desânimo.
Podemos observar, com freqüência, como é grande o esforço e os inúmeros sacrifícios que muitas pessoas fazem para conseguir mais dinheiro, para subir na escala social...
E nós, cristãos, devemos pôr ao menos esse mesmo empenho em servir a Deus, multiplicando os meios humanos para fazê-los render em favor dos mais necessitados. O interesse que os outros têm nos seus afazeres terrenos, devemos nós tê-lo em ganhar o Céu, em lutar contra o que nos separa de Cristo.
“Que empenho põem os homens nos seus assuntos terrenos!: sonhos de honras, ambição de riquezas, preocupações de sensualidade. – Eles e elas, ricos e pobres, jovens, velhos e até crianças; todos a mesma coisa!
            Quando tu e eu pusermos o mesmo empenho nos assuntos da nossa alma, teremos uma fé viva e operante; e não haverá obstáculo que não vençamos nos nossos empreendimentos apostólicos” (São Josemaria Escrivá, Caminho, nº. 317).
            Ao terminar a parábola, o Senhor recorda-nos: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 13). Temos apenas um Senhor, e devemos servi-Lo com todo o nosso coração, com os talentos que Ele mesmo nos deu, empregando nesse serviço todos os meios lícitos, a vida inteira. Temos de orientar para Deus, sem exceção, todos os atos de nossa vida: o trabalho, os negócios, o descanso... O cristão não tem um tempo para Deus e outro para os assuntos deste mundo: estes devem converter-se em serviço a Deus pela retidão de intenção. “É uma questão de segundos... Pensa antes de começar qualquer trabalho: que Deus quer de mim neste assunto? E, com a graça divina, faze-o” (Caminho, nº. 778).
            A parábola do administrador infiel é uma imagem da vida do homem. Tudo o que temos é dom de Deus, e nós somos os seus administradores, que tarde ou cedo teremos de Lhe prestar contas.
            Trata-se, pois, de um chamamento ao esforço e à vigilância tendo em vista o último dia, quando se haverá de dizer a cada um: “Presta contas da tua administração!” (Lc 16, 2).
            O uso do dinheiro exige uma grande honestidade, tanto nos negócios mais importantes, como nos mais insignificantes, porque “quem é fiel no pouco é também fiel no muito” (Lc 16, 10).
            “Já o disse o Mestre: oxalá nós, os filhos da luz, ponhamos, em fazer o bem, pelo menos o mesmo empenho e a obstinação com que se dedicam às suas ações os filhos das trevas! Não te queixes: trabalha antes para afogar o mal em abundância de bem (São Josemaria Escrivá, forja, nº. 848).

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Convite


Mutirão
“Na caminhada da fé, e para auxiliar a nossa formação cristã, o movimento oferece aos equipistas diversos instrumentos, entre os quais se acha o “Mutirão”, isto é, a atividade que objetiva, especificamente, desenvolver o conhecimento mais profundo e sistematizado das ENS, de suas origens, de seu carisma e de sua pedagogia.

         Nas ENS, o “Mutirão” se realiza em clima de festa, com alegria e descontração, sem prejuízo da eficiência do trabalho comum e comunitário que ali se faz, em proveito, não de um só, mas de cada um dos equipistas que dele participa” (CM abril/93,25). 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Homilía Dominical dia 04/09/2016





Condições para Seguir Jesus
Mons. José Maria Pereira

O Evangelho (Lc 14, 25-33) ensina que a verdadeira sabedoria, que nos leva à salvação, consiste no seguimento radical de Cristo; multidões O seguiam e Jesus voltando-se, disse-lhes: “Se alguém vem a Mim, e não odeia pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser Meu discípulo”.
Odiar na linguagem bíblica, ou renunciar, segundo o uso semítico, significa amar menos, pospor, como se pode apreciar no texto paralelo de Mt 10, 37: “Quem amar o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim”. Só Deus tem o direito ao primado absoluto no coração e na vida do homem; Jesus é Deus e, por conseguinte, é lógico que o exija como condição indispensável para ser Seu discípulo. “Mas o Senhor, comenta S. Ambrósio, não manda nem desconhecer a natureza nem ser escravo dela; manda atender à natureza de tal maneira que se venere o Seu Autor e não afastar-se de Deus por amor aos pais”. Isto é válido para todos, mesmo para os simples cristãos, como para todos é válida também a frase seguinte: “Quem não carrega sua Cruz e não caminha atrás de Mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27). Jesus vai a caminho de Jerusalém onde será crucificado e, à multidão que O segue, declara a necessidade de levar a Cruz com amor e constância. Ele levou a Cruz até morrer pregado nela; o cristão não pode pensar em levá-la só em alguns momentos da vida, mas terá que abraçá-la todos os dias, até à morte.
O seguimento de Cristo exige uma atitude radical de despreendimento de tudo que possa opor-se à proposta de Jesus. Mesmo os valores mais sagrados, como relacionamento familiar, devem submeter-se ao valor superior, o do Reino de Deus, à imitação de Jesus Cristo. Quem deseja ser discípulo de Jesus Cristo deve estar pronto a investir tudo, até a própria vida, até os valores mais sagrados como as vinculações de sangue e os bens matérias.
Isso não significa que os cristãos devam renunciar aos vínculos familiares e aos deveres de membro da sociedade. Significa antes que são chamados a viverem estes relacionamentos com liberdade e dedicação, respeitando o valor das pessoas e das coisas, bem como a própria dignidade.
“Se alguém vem a Mim, mas não odeia o pai, a mãe...”; estas palavras do Senhor não devem desconcertar ninguém. O amor a Deus e a Jesus Cristo deve ocupar o primeiro lugar na nossa vida e devemos afastar tudo aquilo que ponha obstáculos a este amor: “Amemos neste mundo a todos, comenta São Gregório Magno, ainda que seja ao inimigo; mas odeie-se o que se nos opõe no caminho de Deus, ainda que seja parente... Devemos, pois, amar o próximo; devemos ter caridade com todos; com os parentes e com os estranhos, mas sem nos afastarmos do amor de Deus por amor deles”. Em última análise, trata-se de observar a ordem da caridade: Deus tem prioridade sobre tudo.
O Jesus que fala é o mesmo que manda amar os outros com a própria alma e entrega a Sua vida pelos homens. A frase, “se não odiar pai e mãe...” indica simplesmente que perante Deus não cabem meias-tintas. Poderiam traduzir-se as palavras de Cristo por amar mais, amar melhor, ou então por não amar com amor egoísta nem também com um amor de vistas curtas: devemos amar com o Amor de Deus.
“Quem não carrega sua Cruz... não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27). O caminho do cristão é a imitação de Jesus Cristo. Não há outro modo de O seguir senão acompanhá-Lo com a própria Cruz. A experiência mostra-nos a realidade do sofrimento, e que este leva à infelicidade se não se aceita com sentido cristão. A Cruz não é uma tragédia, mas pedagogia de Deus que nos santifica por meio da dor para nos identificarmos com Cristo e nos tornarmos merecedores da glória. Por isso é tão cristão amar a dor: “Bendita seja a dor. Amada seja a dor. Santificada seja a dor... Glorificada seja a dor!” (Caminho, 208).
“... Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 33). Se antes o Senhor falou de “odiar” os pais e até a própria vida, agora exige com igual vigor o despreendimento total das riquezas. Esta renúncia das riquezas há de ser efetiva e concreta: o coração deve estar desembaraçado de todos os bens matérias para poder seguir os passos do Senhor. Pois, é impossível “servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 13). Dizia São Josemaria Escrivá: “Se és homem de Deus, põe em desprezar as riquezas o mesmo emprenho que põem os homens do mundo em possuí-las”. (Caminho, 633).
“... os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos” (Sab 9,18).
Quem é o homem sábio à luz da experiência cristã? É aquele que não se deixa enredar pelas coisas, que consegue salvar em cada circunstância o primado de Deus e do Espírito, quem não arrisca o todo pela parte , o eterno pelo transitório, o importante por aquilo que é somente urgente.
Os sábios por excelência, na visão cristã, são os santos: que equilíbrio neles entre a dedicação a Deus e a dedicação aos homens! Os santos não pertencem apenas ao passado! Temos São João Paulo II, Santa Tereza de Calcutá, etc.
Hoje somos chamados a viver a sabedoria de Deus, a seguir Jesus Cristo, a sermos santos!
Que não caiamos no relaxamento, na falta de comprometimento cristão, no perigo de servir a dois senhores, de ser sal insípido. Saibamos que a Verdade é exatamente o contrário! A tantas comunidades e a tantos cristãos de hoje poder-se-ia dirigir a censura que, no Apocalipse, é dirigida à Igreja de Laodicéia e que incutiu um temor salutar aos leitores de todos os tempos: “Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és, morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,15-20).
Podemos concluir, fazendo uma oração espontânea: “Jesus, estamos um pouco apavorados por aquilo que nos disseste hoje. Nosso espírito está pronto, mas nossa carne é fraca. Nosso espírito sabe que se pedes coisas é porque queres doar-nos outras muito maiores. Sustenta a fraqueza de nossa vontade; inflama nosso desejo por estas coisas grandes que reservas para nós e assim também as coisas que pedes nos parecerão pequenas e quase insignificantes, e nós viveremos de verdade sempre voltados para os bens eternos.”