A
Promessa de Jesus
Mons.
José Maria Pereira
Hoje celebramos o VI Domingo da Páscoa! A Igreja celebra
nos próximos dias duas grandes festas: Ascensão e Pentecostes; convida-nos a
ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama.
No
Evangelho (Jo 15,9-17), S. João nos fala do mandamento do amor. João é a
“testemunha ocular” por excelência de Jesus; esteve com ele desde a primeira
hora (cf. Jo 1,35); junto com Pedro e Tiago, seu irmão; assistiu à
Transfiguração e à agonia no Getsêmani (cf. Mc 14,33) e foi uma das primeiras
testemunhas da Ressurreição (cf. Jo 20,2). Ele mesmo se apresenta no Evangelho
como “aquele que viu” (cf. Jo 19,35). Porém, com mais frequência ainda João se
apresenta como “o discípulo que Jesus amava” (cf. Jo 13,23; 19,26; 20,2). Seu
principal testemunho não diz respeito às coisas feitas por Jesus, mas a seu
amor.
No
Evangelho citado acima e na segunda leitura (1Jo 4,7-10) encontramos descrita a
estrutura do amor em três planos: Amor do Pai por seu Filho Jesus Cristo; o
amor de Jesus Cristo pelos homens; e o amor dos homens entre si. Como o Pai me
ama assim também eu vos amo. Amai-vos uns aos outros.
Insistindo
sobre o mandamento novo João nos faz Jesus repetir (Evangelho): amai-vos uns
aos outros; e ele mesmo (João) nos diz (1Jo 4,7-10): amemo-nos uns aos outros.
Se não se dá este último passo- de nós aos irmãos- a longa cadeia de amor que
desce de Deus Pai fica como que suspensa no vazio; o amor chega perto, mas não
toca; nós ficamos fora de seu fluxo, fora, portanto, da vida e da luz, porque
quem não ama permanece na morte (1Jo 3,14).
São
Paulo teceu o mais alto elogio ao Ágape (amor): “O amor é paciente; não é
invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso,
não é interesseiro, não se encolerisa, não leva em conta o mal sofrido; não se
alegra com a injustiça... Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta
tudo” (1Cor 13,4-7).
Resumindo
numa frase: para ser amados precisamos amar.
Para receber amor do Pai e de Jesus Cristo precisamos doar amor aos irmãos. Na
realidade, o verdadeiro paradoxo cristão consiste em acrescentar esta outra
verdade: para amar precisamos ser amados. João, o discípulo que Jesus amava,
compreendeu por experiência que só quem é amado é capaz de amar e escreveu, por
isso, em sua carta: Amamos, porque Deus nos amou por primeiro (1Jo 4,19).
O
próprio Jesus parece atribuir ao amor fraterno o papel de ser sinal eficaz do
amor do Pai: Para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como
amaste a mim (Jo 17,23).
Deus
nos fez solidários e responsáveis uns pelos outros; deseja que os amados por
Deus procurem levar outros a ter a mesma experiência do único modo possível,
isto é, amando-os e amando-os concretamente: “...não amemos com palavras nem
com a língua, mas por atos e em verdade” (1Jo 3,18).
Para
amarmos de verdade o nosso próximo, intensifiquemos a nossa vida de oração.
Da
Oração, do trato habitual com Jesus Cristo, nasce o desejo de nos encontrarmos
com Ele. A fé purifica muitas das asperezas da morte. O amor ao Senhor muda
completamente o sentido desse momento final que chegará para todos. O pensamento
do Céu nos ajudará a superar os momentos difíceis. É muito agradável a Deus que
fomentemos a virtude da esperança, que está unida à fé e ao amor, e que em
muitas ocasiões nos será necessária. Ensinou São Josemaria Escrivá: “À hora da
tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança,
que não é falta de generosidade” (Caminho, nº 139). Devemos fomentá-la nos
momentos em que a dor e a tribulação se tornarem mais fortes, quando nos custar
ser fiéis ou perseverar no trabalho ou no apostolado. O prêmio é muito grande!
Está no dobrar da esquina, dentro de não muito tempo. A
meditação sobre o Céu deve também estimular-nos a ser mais generosos na nossa
luta diária “porque a esperança do prêmio conforta a alma para que empreenda
boas obras”( S. Cirilo de Jerusalém). O pensamento desse encontro definitivo de
amor a que fomos chamados nos ajudará a estar mais vigilantes nas nossas
tarefas grandes e nas pequenas, realizando-as de um modo acabado, como se
fossem as últimas antes de irmos para o Pai. O
pensamento do Céu, agora que estamos próximos da festa da Ascensão, deve
levar-nos a uma luta decidida e alegre por tirar os obstáculos que se interpõem
entre nós e Cristo, deve estimular-nos a procurar sobretudo os bens que
perduram e a não desejar a todo custo as consolações que acabam. Jesus promete
aos discípulos o envio de um defensor (Jo 14, 16-17), de um intercessor, que
irá animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da sua história. Trata-se
do Paráclito que é o nosso Consolador enquanto caminhamos neste mundo no meio
de dificuldades e sob a tentação da tristeza. “Por maiores que sejam as nossas
limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos
cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados. A presença e
a ação do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade
eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara” (Cristo que passa, nº
128). Invoquemos sempre o Espírito Santo! Ele é a força que nos anima e
sustenta na caminhada cotidiana e nos revela a verdade do Pai.
Intensificando a nossa oração, nessa semana,
preparemos para a festa da Ascensão do Senhor e na próxima semana,para
Pentecostes!
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