Vocação: Ser Santo!
Mons. José Maria Pereira
A nossa vocação é para a Santidade! É o que
nos atesta São Paulo: “Foi assim que nEle nos escolheu antes da constituição do
mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos” (Ef 1, 4). “Esta
é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tes. 4, 3).
A Igreja convida-nos hoje a pensar naqueles
que, como nós, passaram por este mundo lutando com dificuldades e tentações
parecidas às nossas, e venceram. É essa grande multidão que ninguém poderia
contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, como nos fala São
João em Ap. 7, 2 -14. Todos estão marcados na fronte, revestidos de vestes
brancas, lavados no Sangue do Cordeiro (Ap 7, 4) A marca e as vestes são
símbolo do Batismo, que imprime no homem, para sempre, o caráter da pertença a
Cristo, e a graça renovada e aumentada pelos sacramentos e pelas boas obras.
Hoje festejamos e pedimos ajuda à multidão
incontável que alcançou o Céu depois de ter passado por este mundo semeando amor
e alegria quase sem terem consciência disso; recordamos aqueles que, enquanto
estiveram entre nós, se ocuparam talvez num trabalho semelhante ao nosso:
empregados de escritório, comerciantes, empregadas domésticas, professores,
secretárias, trabalhadores da cidade e do campo... Lutaram com dificuldades
parecidas às nossas e tiveram que recomeçar muitas vezes, como nós procuramos
fazer.
Todos fomos chamados a alcançar a plenitude
do Amor, a luta contra as nossas paixões e tendências desordenadas, a recomeçar
sempre que preciso, porque “a santidade não depende do estado – solteiro,
casado, viúvo, sacerdote – mas da correspondência pessoal à graça que a todos
nos é concedida” (São Josemaria Escrivá). A Igreja recorda-nos que o
trabalhador que todos as manhãs empunha a sua ferramenta ou caneta, ou a mãe de
família que se ocupa em seus trabalhos domésticos, no lugar que Deus lhes
designou, devem santificar-se cumprindo fielmente os seus deveres.
Agora podemos fazer nossa a oração de Santa
Teresa, que ela mesma escutará: “Ó almas bem-aventuradas, que tão bem soubestes
aproveitar e comprar herança tão deleitosa...! Ajudai-nos, pois estais tão
perto da fonte; obtei água para os que aqui perecemos de sede”.
Nós somos ainda a Igreja peregrina que se
dirige para o Céu; e, enquanto caminhamos, temos de reunir esse tesouro de boas
obras com que um dia nos apresentaremos a Deus. Ouvimos o convite do Senhor:
“Se alguém quer vir após Mim...” Todos fomos chamados à plenitude da vida em
Cristo. O Senhor chama-nos numa ocupação profissional, para que ali o
encontremos, realizando as nossas tarefas com perfeição humana e, ao mesmo
tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo a Deus, vivendo a caridade com os
nossos colegas, praticando a mortificação de um trabalho perfeitamente terminado,
procurando já aqui na terra o rosto de Deus, a quem um dia veremos face a face.
“Para amar a Deus e servi-Lo, não é
necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens, sem exceção,
que sejam perfeitos como o seu Pai celestial é perfeito (Mt. 5, 8). Para a
grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu trabalho,
santificar-se no seu trabalho e santificar os outros com o seu trabalho, e
assim encontrar a Deus no caminho da vida” (São Josemaria Escrivá).
Vale a pena meditar as palavras do Beato
João Paulo II referindo-se a São Josemaria Escrivá, apontando a santidade ao
alcance de todos: “ São Josemaria foi escolhido pelo Senhor para anunciar a
chamada universal à santidade e mostrar que as atividades correntes que compõem
a vida de todos os dias são caminho de santificação. Pode-se dizer que foi o
santo do cotidiano. De fato, estava convencido de que, para quem vive sob a
ótica da fé, tudo é ocasião de um encontro com Deus, tudo se torna um estímulo
para a oração. vista desta forma, a vida diária revela uma grandeza
insuspeitada. A santidade apresenta-se verdadeiramente ao alcance de todos”
(Beato João Paulo II sobre Escrivá).
O que fizeram essas mães de família, esses
intelectuais ou operários..., para estarem no Céu? Pois bem, procuraram
santificar as pequenas realidades diárias! E é isso o que temos de fazer:
ganhar o Céu todos os dias com as coisas que temos entre mãos, entre as pessoas
que Deus colocou ao nosso lado.
Encontramo-nos a Caminho do Céu e muito
necessitados da misericórdia do Senhor!
No Céu espera-nos a Virgem Maria, para
estender-nos a mão e levar-nos à presença do seu Filho e de tantos seres
queridos que ali nos aguardam.
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